Ficou instaurado desde 2014 que todo mês de janeiro deve ser comemorado o mês da saúde mental no Brasil. Campanhas são organizadas para mudar paradigmas, tabus e preconceitos que surgem sem fundamento científico e para trazer à tona informações e conhecimentos a respeito do assunto.
Por que esta iniciativa? Numa publicação da Folha em 31 de maio de 2019, 9,3% da população sofria de depressão e 7,5% de ansiedade, com gastos públicos estimados em R$ 1,6 bilhões. Em outra publicação de 2019 foi estimado que nos próximos 3 a 5 anos, 25% da população teria algum problema de saúde mental. Isso mesmo, a cada quatro pessoas, uma com problemas de saúde mental. Nos parece que a Pandemia Covid-19 contribuiu para intensificar os problemas emocionais e psíquicos nas pessoas, mas por outro lado, nunca se tratou tão diretamente e com intensidade o assunto.
Os fatores que mais provocaram o desequilíbrio na saúde mental na Pandemia foram a insegurança e as incertezas do amanhã. Como demonstra a teoria de Maslow, questões fisiológicas e de segurança são básicas para a sobrevivência. A condição de isolamento social e quarentena deixaram as pessoas incertas da própria sobrevivência.
Mas agora, passadas as turbulências da covid-19 e o retorno para as atividades rotineiras, muita gente previa que os problemas provocados na saúde mental pela Pandemia seriam esquecidos. Infelizmente não é o que se constata. As previsões de 2019 não consideravam a Pandemia que adveio e, fato é que os efeitos da Pós Pandemia surgiram e os problemas de saúde mental já previstos se agravaram. Como dizia Jacob Levi Moreno, considerado o “pai do Psicodrama”, “é no convívio que adoecemos, mas é somente no convívio que encontramos a cura”.
Assim, as empresas têm um papel importante na condução da saúde mental dos trabalhadores, criando um ambiente que favoreça ao bom convívio e bem-estar funcional. Conhecer as pessoas e entender suas limitações é um bom começo para aproveitar ao máximo seu potencial, sem estressar. Tornar os processos organizados e transparentes constrói a segurança organizacional. Ter políticas claras e respeitadas traz senso de justiça e pertencimento. Reconhecer o esforço por um desafio alcançado energiza para outros novos. Repensar a flexibilidade dos horários e locais de atuação laboral cria o espírito de autonomia, além de muitos outros.
Mas, se o assunto não for tratado, seja no “janeiro branco”, como durante todo o ano, os resultados serão Estresse, Burnout, Ansiedade, Depressão, e Transtornos diversos, gerando afastamentos, baixa produtividade, clientes insatisfeitos etc.
Diferente de uma infecção, os transtornos mentais não são vistos com facilidade, então só podemos resolvê-lo através do diálogo aberto e um ambiente favorável para o compartilhamento.
É importante que as empresas desenvolvam uma cultura favorável à participação, ao compartilhamento e à abertura, para que os colaboradores diminuam o receio de represálias, que desenvolvem uma condição psíquica negativa. Há muitas evidências de que locais de trabalho que promovem o bem-estar mental são mais produtivos.